segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

“CAZOITO”


Diz-se que foi a partir da queda da maçã, na cabeça de Newton, que o Homem procurou explicação para o fenómeno. Todos sabiam que os objectos caíam. Porém, só Newton foi curioso. Quis saber porquê. Passámos assim, do conhecimento empírico, ao científico.

O conhecimento empírico é próprio dos cidadãos humildes. Tivemos isso com os “engenheiros de 4ª classe” que, atempadamente, se atreveram a profetizar desgraças na “coisa” que “obraram”, para fotografia e votos, no Lugar de Baixo. O Poder Político e a sua propaganda, se não abrirmos os olhos, fazem-nos destas. Eles não se ensaiam para ridicularizar quem, afrontando-o, nos alerta para o desaire eminente. O Poder, estribado no conhecimento científico, não hesitou em ridicularizar os ignorantes “vilhões” com 4ª classe. A propaganda política criou as condições ideais para a vitória do Poder, pondo as pessoas a votarem contra os seus próprios interesses. Quem falhou? Erraram os Engºs nas contas? Cederam a pressões políticas para “milagrarem”? Como resultado imediato, temos o calote para pagarmos, ficando no ar minudências político-jurídicas que serão desvendadas no dia de São Nunca.

Na sequência da desgraça que foi o 20 Fev. 2010, um grande aterro surgiu no calhau à frente da Avenida. Arrogantes, e certamente convencidos do sucesso anterior, – eles saberão as razões do sucesso – os mesmos intervenientes, GR e Engºs, avançam para o porto Funchal. Verdades próprias de Torquemada – daquelas que lançam na fogueira qualquer José da Silva – foram engendradas pela máquina da propaganda para denegrir cidadãos cujo crime fora afirmar, com base em conhecimento científico, que vinha aí um desastre igual ao do Lugar de Baixo. Desta vez, de forma cientificamente sustentada, profetizou-se o fiasco. A profecia é visível por todos. A excepção, a confirmar a regra,  está com aqueles que recusam aceitar a evidência.  

Tal como em 2004, no Lugar de Baixo com os seus 100 milhões de despesa, são gastos 23 milhões sem que, novamente, a função proposta para o investimento seja atingida. Um “boneco propagandístico” exibiu um barco lindíssimo, acostado ao cais oito. Feita a inauguração tentaram utilizar o espaço na função propagandeada. Deu para o torto. Estando a RAM, a reciclar designações oficiais – CR7 não pode ser, pois isto foi um insucesso – proponho que a esta monstruosidade, em homenagem à pretensão inicial, mas de todo inconseguida, se atribua a designação de “cazoito”. Nos últimos tempos, anda por aí um grande surto de Alzheimer. Gente sem memória é aquilo que mais se encontra, nesta cidade. Porém, convém não exagerar. Aquele barcalhão, ali à mão de semear, por muito Alzheimer potenciado em montanhas de propaganda já não passa na opinião publicada com a facilidade de 2004. Cabe na cabeça de alguém que se esqueça os 23 milhões e o barco, para só se falar da Estética Praça?


O verdadeiro conflito com que aqui nos defrontamos, queiramos ou não, é entre a Liberdade e o Medo. Ela agita-nos, enquanto o medo nos tolhe. Quem ousa afrontar os poderosos tem razões para isso. Os alertas feitos por “Engºs da 4ª classe” ou, pessoas com mais formação, não devem cair em saco roto. A Democracia baseia-se na Verdade, na Tolerância, na Liberdade e no respeito pela Pessoa Humana. Estar atento a tudo isto é tarefa nossa, muito nossa, que não pode ser delegada nos partidos, meras máquinas eleitorais. Terão tido medo os Engºs. que planearam a Marina ou o Porto? Terão sido forçados, os midia, a fazer propaganda enganosa que nos prejudicou com 123 milhões para pagarmos, tal qual os guardas de Treblinka, há 70 anos prejudicaram os Judeus? Não nos deixemos embalar em falsas facilidades retórico-propagandísticas que nos levam a hostilizar quem nos defende das arbitrariedades do Poder.  

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