“CAZOITO”
Diz-se que foi a partir da queda da maçã, na
cabeça de Newton, que o Homem procurou explicação para o fenómeno. Todos sabiam
que os objectos caíam. Porém, só Newton foi curioso. Quis saber porquê. Passámos
assim, do conhecimento empírico, ao científico.
O conhecimento empírico é próprio dos cidadãos
humildes. Tivemos isso com os “engenheiros de 4ª classe” que, atempadamente, se
atreveram a profetizar desgraças na “coisa” que “obraram”, para fotografia e
votos, no Lugar de Baixo. O Poder Político e a sua propaganda, se não abrirmos
os olhos, fazem-nos destas. Eles não se ensaiam para ridicularizar quem,
afrontando-o, nos alerta para o desaire eminente. O Poder, estribado no
conhecimento científico, não hesitou em ridicularizar os ignorantes “vilhões”
com 4ª classe. A propaganda política criou as condições ideais para a vitória
do Poder, pondo as pessoas a votarem contra os seus próprios interesses. Quem
falhou? Erraram os Engºs nas contas? Cederam a pressões políticas para
“milagrarem”? Como resultado imediato, temos o calote para pagarmos, ficando no
ar minudências político-jurídicas que serão desvendadas no dia de São Nunca.
Na sequência da desgraça que foi o 20 Fev. 2010,
um grande aterro surgiu no calhau à frente da Avenida. Arrogantes, e certamente
convencidos do sucesso anterior, – eles saberão as razões do sucesso – os
mesmos intervenientes, GR e Engºs, avançam para o porto Funchal. Verdades
próprias de Torquemada – daquelas que lançam na fogueira qualquer José da Silva
– foram engendradas pela máquina da propaganda para denegrir cidadãos cujo
crime fora afirmar, com base em conhecimento científico, que vinha aí um
desastre igual ao do Lugar de Baixo. Desta vez, de forma cientificamente
sustentada, profetizou-se o fiasco. A profecia é visível por todos. A excepção,
a confirmar a regra, está com aqueles que
recusam aceitar a evidência.
Tal como em 2004, no Lugar de Baixo com os
seus 100 milhões de despesa, são gastos 23 milhões sem que, novamente, a função
proposta para o investimento seja atingida. Um “boneco propagandístico” exibiu um
barco lindíssimo, acostado ao cais oito. Feita a inauguração tentaram utilizar o
espaço na função propagandeada. Deu para o torto. Estando a RAM, a reciclar
designações oficiais – CR7 não pode ser, pois isto foi um insucesso – proponho
que a esta monstruosidade, em homenagem à pretensão inicial, mas de todo
inconseguida, se atribua a designação de “cazoito”. Nos últimos tempos, anda
por aí um grande surto de Alzheimer. Gente sem memória é aquilo que mais se
encontra, nesta cidade. Porém, convém não exagerar. Aquele barcalhão, ali à mão
de semear, por muito Alzheimer potenciado em montanhas de propaganda já não
passa na opinião publicada com a facilidade de 2004. Cabe na cabeça de alguém que
se esqueça os 23 milhões e o barco, para só se falar da Estética Praça?
O verdadeiro conflito com que aqui nos
defrontamos, queiramos ou não, é entre a Liberdade e o Medo. Ela agita-nos,
enquanto o medo nos tolhe. Quem ousa afrontar os poderosos tem razões para
isso. Os alertas feitos por “Engºs da 4ª classe” ou, pessoas com mais formação,
não devem cair em saco roto. A Democracia baseia-se na Verdade, na Tolerância,
na Liberdade e no respeito pela Pessoa Humana. Estar atento a tudo isto é
tarefa nossa, muito nossa, que não pode ser delegada nos partidos, meras
máquinas eleitorais. Terão tido medo os Engºs. que planearam a Marina ou o
Porto? Terão sido forçados, os midia, a fazer propaganda enganosa que nos
prejudicou com 123 milhões para pagarmos, tal qual os guardas de Treblinka, há
70 anos prejudicaram os Judeus? Não nos deixemos embalar em falsas facilidades
retórico-propagandísticas que nos levam a hostilizar quem nos defende das
arbitrariedades do Poder.
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