ESTADO
A DIREITO
É a envolvente social dos adolescentes, na idade da ficção, que gera os sonhos.
Sugiro-vos a leitura do texto abaixo para que, no final, cada um decida se
estamos perante um sonho ou um pesadelo. A diferença é tão ténue! Porém, impregnada
de valores morais.
Eu
sou a Maria Boa Vida, tenho treze anos, vivo na Lombada dos Abençoados 3º
Impasse à direita. Vivo com os meus pais e irmãos, a escassos metros da casa do
meu avô. Ando na escola, e quero ser muito rica quando for grande.
Acho
lindo o estado a direito em que vivemos. À Liberdade celebrada no fim de Abril
seguem-se agora três semanas de festividades da flor. Comparar todo este
bem-estar com os tempos tenebrosos que o meu avô descreve, em que não havia
estrada nem luz, aqui em cima é a diferença entre o dia e a noite. Ele diz que
vinha da escola a pé com os sapatos rotos, seguia pela vereda, entrava no
trainel da levada e subia as “passadas” até chegar a casa. O pai, quando não
venho no autocarro, traz-me no seu carro até à nossa garagem! Gosto de viver
neste estado a direito.
O
meu pai quando nasceu, quase que morria e, a minha avó passou muito mal por
falta de médico. Graças ao estado a direito, assente na Liberdade e ao empenho
de pessoas como os Srs. Drs. Alberto João e Miguel Sousa, entre outros, acabou
a noite escura e, veio o sol da Autonomia. Retenho uma vaga ideia de ver o Sr.
Dr. Miguel Sousa nos comícios, pondo a “Madeira em marcha”. Foi notável aquilo
que se fez.
Vivo
o ideal da Autonomia, daqui não me afasto. Não perco, às 5ªs. feiras, na RTP-M,
o notável trabalho de divulgação daquilo que foi a luta para garantir o
progresso da Madeira e Porto Santo. Foi lindo, ouvirmos o Dr. Miguel de Sousa
explicar como perante a falta de dinheiro recorreu à Caixa Económica do Funchal
para resolver o problema. Grande sabedoria teve aquele Senhor! Mas o Sr Dr.
Alberto João não lhe ficou atrás, quando foi preciso dar vida à “Força de
acreditar” do BANIF. Ai aquela conversa com os Srs. Horácio Roque e Joe Berardo
no bar do Sheraton não me sai da cabeça! Era assim a união entre os grandes
defensores da Autonomia, onde é de elementar justiça incluir o Sr. Dr. Paulo
Fontes e a conversa a sós, na casa de banho, com o Sr. 1º Min. Tudo tão bem
feito! Fossem doutros quaisquer estas afirmações, eu diria que mentiam, mas
eles não. Eles não mentem!
Vou
dedicar-me de alma e coração à Jota. Começarei pelos trabalhos mais humildes,
sempre a pensar no melhor para o partido e para mim. Levantar-me-ei cedo, as
vezes que forem necessárias, para acompanhar as pessoas nas concentrações
determinadas pelo partido. O militante exemplar, para mim, é o Sr. Dr. Miguel
Relvas. Aquele homem tem uma vida ao serviço dos outros. Desde os seus tempos
de Jota que ele vem engrandecendo o partido, ao congregar à sua volta os
militantes para garantirem apoio em votos aos chefes partidários. Num ápice chegou
a Ministro, pois os dirigentes apoiados por ele não o esqueceram, quando foram
eleitos para Funções de Estado. Esta lógica já eu percebi. “O meu avô é
militante da primeira hora e o meu pai seguiu-lhe os passos”.
“Quero
ser uma espécie de Isabel do Santos. O pai dela ajudou a Independência de
Angola, o meu, a Autonomia da Madeira. Seduz-me ter um Banco! Estou ansiosa
pelos próximos episódios da divulgação daquilo que foi a luta pela Autonomia,
quero perceber muito bem as relações entre o Poder Político e o Poder Financeiro,
já afloradas, mas ainda não totalmente explicadas. A minha ambição é grande, eu
sei, mas vou lutar por ela. Confio totalmente na Autonomia e no estado a
direito que a suporta.”
Restam-me
duas dúvidas. Vou confessar-vos quais. Qual a diferença entre este estado a direito
e o Estado de Direito de que, uns velhos, mais velhos que o meu avô, tanto
falam? O que é o respeito pela Pessoa Humana? Porventura alguém é desrespeitado
no estado a direito que a minha família ajudou a construir?
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