A REALIDADE EM 2017
A
23/05/2015 publiquei, no FN, o texto que abaixo, actualizo e reproduzo:
“Da Ficção à Realidade
Nos
Velhos Marinheiros, Jorge Amado criou um personagem, […].
Falo
de Vasco Moscoso de Aragão, Comandante de Longo Curso. Educado pelo avô,
revelou-se um jovem adulto […] inadaptado. O coração empurra-o para uma
prendada jovem que lhe diz querer para marido alguém que tenha um “título”.
Neto, sem “título”, de um avô rico, ficou marcado entregou-se à esbórnia e ao
sonho. […].
Aos
amigos não escapou que algo o apoquentava. Revelou-lhes o segredo. […], não
tardaram a conseguir-lhe um título. Num exame viciado, onde não faltaram
registos e carimbos, o Brasil ganhava um COMANDANTE DE LONGO CURSO. Não viria,
pensavam, mal ao Mundo pois ele nunca poria os pés num tombadilho. Para que
nada faltasse a Vasco, […], D. Carlos I outorgou-lhe o Grau de Cavaleiro da
Ordem de Cristo. Comandante, condecorado, passou a exigir tratamento
consentâneo ao novo estatuto. […]. O ferrabrás, contrariando as previsões foi
chamado a comandar um barco. Jorge Amado, generoso, levou-o a bom porto, […]
Passemos
da ficção Brasileira à realidade lusa, onde o cidadão Alberto João Jardim
apresenta grandes afinidades com Vasco Moscoso Aragão. Na juventude, talvez
influenciado pelo avô, e também por ser o tempo dos sonhos, imaginou e
defendeu, um Portugal do Minho a Timor.
[…]
Tão fanfarrão quanto Vasco e, com muito menos bom senso que ele, garante que
apenas soube do fim da guerra e do 25 de Abril pelo telefone, apesar da Nação
inteira haver rejubilado com o fim do impasse político que o País, ao tempo,
vivia. O acérrimo defensor do Portugal, uno e valente, do Minho a Timor, num
passe de mágica, divide as populações do agora diminuto espaço geográfico entre
“CUBANOS” e “POVO SUPERIOR”. Estribado no voto popular ofende gravemente as
FA´s; no seu órgão de propaganda, o JM, permite que gente da sua confiança
afirme que as remunerações no Exército discriminam os madeirenses; numa acção
de propaganda, o então Conselheiro de Estado, inaugurou a estátua ao Combatente
Madeirense – uma sibilina redacção disfarçava, sem eliminar, a dicotomia
“Cubanos” “Povo Superior” – em puro acto de promoção pessoal. Alertei,
publicamente, para o facto na altura e, convidado para o acto inaugural,
recusei lá ir. Estive, mais tarde, presente em cerimónias militares onde, os
ex-combatentes como eu e militares no activo, prestaram as honras devidas aos
que tombaram.
[…]
A realidade lusa, porém, ultrapassa a ficção. O barco que o nosso fanfarrão
comandante dirigiu durante anos […] não chegou a bom porto. A tripulação
amotinou-se e correu o comandante quando ele acabara de espatifar o barco na
restinga.
Já
fora de funções, a Instituição Militar […] atribui-lhe a medalha do Patrono do
Exército D. Afonso Henriques – 1ª Classe. Porquê tal distinção? Ela ficará bem
entregue a quem, como ele, ofendeu as FA’s e se serviu dos combatentes da sua
geração para autopromover-se? Merece-a quem, insultuosamente, recorreu ao
vocábulo patriota para denegrir quem nada devia à Pátria quando em simultâneo
instigava ao separatismo?
Caso
ninguém assuma aquilo que parece ser um tremendo equívoco, como Cidadão
Português nascido na Madeira, combatente em África, pergunto: onde coloco a
minha emoção quando oiço o toque a mortos junto ao monumento da Mata da Nazaré –
hoje colocado em frente do quartel, como eu preconizara na altura – em
cerimónia que pretenda recordá-los? Qual a dignidade que devo atribuir ao acto?
Será algo de putativo? Onde fica a memória colectiva, quando a 9 de Abril,
recuando a 1918, homenageamos os Portugueses mortos em combate na batalha de LA
LYS? Servirão os mortos apenas de motivo para umas “sessões solenes”
promocionais de um candidato A PAI DA PÁTRIA?”
Dois
anos depois, digo eu:
Quem,
em 2015, imaginaria que a nossa realidade iria ultrapassar, ainda mais, a
ficção do romancista brasileiro e, ficar estupefacto com aquilo que vê, lê e
ouve.
Há
pouco, o Dr. Alberto João disse que a mãe se recusou a viajar no túnel para o
Porto Cruz. A Sr.ª “queria ver a paisagem”. Devia tê-la ouvido! Teria melhorado
as estradas, sem destruir as vistas, e, nessa paz ambiental, trabalhariam
madeirenses e passeariam turistas. Assim, só serviu para enriquecer o lobby da
construção e levá-lo a mentir para nos convencer que túneis e vias rápidas
levarão ao regresso das populações aos concelhos rurais.
Nem
quero imaginar a reacção do avô se soubesse que, o sistema de assistência que
criara para matar a fome provocada pela 2ª guerra e pela instabilidade social
portuguesa, fora reactivado graças à acção irresponsável do neto que, em tempo
de Paz e abundância de bens alimentares, criara desemprego e fome. Merecer-lhe-ia
um valente puxão de orelhas!
Nem
mãe nem avô poderão rever-se num descendente, hoje também avô, que continua
adolescente sem querer responsabilizar-se por nada daquilo que fa(e)z.
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