quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

O DESASTRE POPULISTA


A meses das eleições autárquicas assistimos a uma grande desorientação nas várias forças partidárias que procuram, na propaganda, o remédio para todos os males. Isso foi chão que deu uvas. As pessoas, cansadas de 40 anos de algazarra política, têm dificuldade em distinguir o Poder Autárquico do Super-Poder Local, também conhecido por Poder Regional, exactamente pelo recurso desenfreado e continuado à propaganda e ao populismo.

O populismo levou a que, em momento de zanga de compadres, se tenha dito, para achincalhar, que às Câmaras cabe tratar de galinheiros e apaziguar brigas de vizinhos. Avocando um duvidoso poder de tutela, o Super-Poder impôs a sua vontade, sacrificando a racionalidade económico-financeira à procura de votos. Ficou com a chave do cofre, abria-o, discricionariamente, em função dos seus objectivos políticos que, durante anos, coincidiram com os das Câmaras. Os populistas adoram o Povo, mas depois fazem-lhe a cama pela calada. Morrem pessoas à fome, suicidam-se ou ficam a dormir pelos cantos das ruas? Isso não é problema deles.

Confundindo competências, Super-Poder e Autarquias autorizaram e fomentaram a construção de “casas para o povo” encosta acima, sendo, luz, água, arruamentos e viaturas especiais – os declives impunham – investimento público. A “Madeira Velha” era inimiga do Povo não queria dar-lhe habitação “estilo lapinha”, afirmou a propaganda populista. O 20 de Fevereiro mostrou a irresponsabilidade, e realçou o bom senso anterior ao limitar a construção nas zonas altas. Um populista de há 25 anos escreveu recentemente: “Um verdadeiro autarca, não deve ter problemas em estar perto dos seus, deve lutar pelo bom saneamento básico na sua terra, por uma boa distribuição de água, e luz eléctrica nos lugares públicos e nas casas dos seus conterrâneos, por transportes públicos eficazes, vias de circulação em bom estado e com a sua manutenção regular, incentivar a construção de caminhos e ruas pedonais cuidados e seguros ter na sua terra bons equipamentos na aérea da saúde, da educação, cultura e desporto”. Já não trata só de galinheiros e brigas de vizinhos.

Usando as suas competências, o Poder Regional brindou-nos com o prolongamento do aeroporto. Daí em diante foi um susto. Felizmente a “Sociedade de Endividamento” da Zona Oeste – de tão má memória – não levou por diante aquele hotel na foz da Ribª da Madalena, seria mais um menir a pesar nos nossos depauperados bolsos. Porém, falta-me falar no verdadeiro hino à demagogia de que o “oculto” não fala, ou se fala é pela rama, para zurzir A ou B.

Em 2001, é idealizado para Stª Rita um hospital. Tem projecto em 2003. Seguem-se as expropriações que se concluem em 2005. A 23 de Abril de 2007, o então candidato a novo mandato comprometeu-se a que teríamos os Barreiros e o novo hospital até 2011. A 22 de Maio, porque a situação “das finanças públicas não é desafogada” avançou com mais uma das suas muitas “engenhocas financeiras” para que se concretizassem aqueles dois investimentos. A 6/11/2011 Jardim Ramos anunciou, na ALM, que o GR desistia do Novo Hospital por falta de financiamento. A 01/01/2012 as vítimas da “urgência populista”, mostram-se desagradadas pelo modo tresloucado como haviam corrido as expropriações. Em Dezº de 2012, o TdC diz que teriam sido gastos 5 milhões em projectos que iam direitinhos para a Meia Serra.  

A Resolução n.º 43/2012, publicada no Jornal Oficial da Região, a 1 de Fevereiro, contém a reacção política ao empréstimo de 1.500 milhões que, nessa data o GR fora obrigado a contrair, para nós pagarmos. Não perderam tempo, o GR e o PPD/PSD-M, e de repente surgiu uma “dívida política” de 9 mil milhões do Governo Central ao GR. Era o contraponto aos 6,3 mil milhões de “dívida escondida”. A dívida da RAM levou o Estado a instaurar um processo de averiguações – o “Cuba Livre” – do qual duvidamos que surja acusação.


Porém, politicamente, temos o dever de exigir aos partidos que, credibilizando-se, assumam as suas responsabilidades. Os eleitores assistem a esta novela do Hospital desde 2001, já não acreditam nas palavras bonitas da propaganda caça votos. Não vale a pena o PSD insurgir-se contra os anónimos, nem o PS apresentar-se como interlocutor do Governo Central. Porque, 1.500 milhões não se pagam em quatro anos e, pensem no futuro desta terra, que é bem negro. A responsabilidade, não podendo ser a criminal, seja pelo menos a política. Assim como estão, PSD e PS, trarão de volta, em breve, o “populista oculto”. 

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