Há cerca de 50 anos o Estado criou os Planos de Fomento. A palavra plano, à época, tresandava a URSS. Em 1974, enquadrada nos Planos de Fomento Nacionais, a Madeira tinha a sua Comissão de Planeamento. Cabia-lhe pensar e agir sobre toda a economia regional numa visão integrada.
A ilha é a mesma, mas ocorreram profundas mudanças desde então. Hoje vou escrever sobre Agricultura, pois fomos surpreendidos por afirmações do Sr. Secretário que revelam algum desnorte.
Hoje, na página 7 do DN, lemos que a Pecuária foi abandonada. Claro que este resultado não é obra de um ano de Governo. Resulta do desleixo a que sector foi votado. Dinheiro não faltou, basta pensarmos no Centro de Abate concebido para as produções dos anos 40/50. Aquele responsável, na sequência daquilo que há anos vem acontecendo com os seus antecessores, limita-se a prometer. Levamos anos de propaganda em que conseguiram esconder o sol com a peneira. Hoje é necessário mudar o discurso e agir. A Pecuária foi chão que deu uvas e alimentou uma actividade transformadora com peso na Economia.
Os outros sectores, com que a agricultura da ilha contribuía para sua economia, não estão mais saudáveis que a pecuária. A banana viu reduzida a sua produção para menos de metade. Aqui temos o desastre da comercialização como paradigma daquilo que não deve ser feito. Um só armazém, entretanto desafectado do sector e alienado ao Grupo Sá, podia manusear toda a produção dos anos 70. Construíram-se outros armazéns mas os problemas continuaram. A propaganda que tudo esconde, lançou mão da Agricultura Biológica como a solução do sector. Poderá entreter algumas pessoas mas nunca terá dimensão económica.
A verdade que urge enfrentar, e para qual se quer solução, reside numa coisa muito simples: a Agricultura não produz. Os agricultores vivem dos rendimentos financeiros gerados na PAC. A realidade é dura mas é esta, não há outra. Pior que os Planos de Fomento foi este Plano Oculto que destruiu, sob a imagem de caminharmos para o progresso, um sector que criava riqueza. Teve a recente "ajuda" da CMF que correu os produtores daquele que foi o seu Mercado dos Lavradores.
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