POLÍTICA
À FREI TOMÁS
Ninguém
ignora que devemos fazer aquilo que o frade diz, e não aquilo que ele faz. Paradigmático
disto é o caso Savoy. Os próceres, das “confrarias partidarias”, apenas com
jurisdição regional e local, prometeram desenvolvimento e progresso. Deram-nos
um desastre muito bem representado na “Obra Feita” no Savoy. Disseram uma
coisa, fizeram outra. Agora todos fogem daquilo como o diabo da cruz, parece
que foi gerado sem pai nem mãe, ninguém acarinha, muito menos assume, o
“monstrozinho”.
Há
algum tempo que venho escrevendo sobre a degradação das Funções do Estado na sua
importante vertente da Segurança de Pessoas e Bens. Em minha opinião, tribunais
e polícias não têm, como é próprio de um Estado de Direito, a imagem valorizada
junto da opinião pública. Os polícias erraram na Cova da Moura? Castiguem-nos. Mas
mostremos também a nossa indignação em casos mediáticos como o protagonizado
por Pedro Dias, procurado pela polícia durante os vários dias, em que assustou as
populações a partir de Aguiar da Beira. No momento da entrega às autoridades, a
sua advogada, apresentou-o como vítima de “perseguição policial”. Mentira,
suspeitava-se dele ser responsável por mortes e as polícias apenas cumpriram o
seu dever. Ninguém se lembrou de elogiar as Forças da Ordem, esperando que, a
partir da prisão, o tribunal fizesse justiça. Felizmente começam a surgir
indícios, embora ténues, de que os frades das “confrarias partidárias” com
jurisdição nacional, estão a preocupar-se com a situação.
Desde
o dia 17 de Junho, com estrondo, o País acordou para a realidade que temos. Dia
12 de Julho, na AR, ouvimos juras de “amor eterno” à Segurança de Pessoas e
Bens. Sector com risco de “incêndio”, tão grande como os eucaliptos, é o
futebol. Mortos, feridos, destruição de património de árbitros e seus
familiares – também têm direito a que lhes protejam a vida e os bens – e ainda cenas
de violência envolvendo polícias, ocupam os “exaltados patriotas ” – vermelhos,
verdes, azuis e de todas as outras cores – em muitos programas de TV, toda a
semana. O propósito, dizem, é, por um lado, esclarecer a opinião pública se a
polícia usou violência excessiva e, por outro, quem foi mais prejudicado
naquela “guerra” de fim-de-semana. Temos gente graúda da política e do dito
desporto alimentando a fogueira sagrada da clubite aguda. As coisas pioraram ainda
mais com a introdução da bruxaria nas “patrióticas” discussões e hoje dia 13,
houve nove detidos por suspeita da fabricação de artefactos explosivos
destinados às claques. Os riscos estão identificados.
Uma notícia deu conta que o PSD, frades laranja,
dia 11 apresentara, uma proposta legislativa na “defesa da transparência e da integridade nas competições desportivas”, retirada no dia seguinte. Na notícia lê-se: “O presidente da Liga, Pedro Proença, pediu
já uma audiência com o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e com o
secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, com quem
esteve na última semana na cerimónia do sorteio das competições da Liga, em
Matosinhos, marcada pelo “boicote” do Benfica. Polémica amplificada pelo que a
LPFP classificou de “caça às bruxas”, após episódio que visava a directora
executiva da Liga, Sónia Carneiro, acusada de em 2012 ter tecido comentários
“censuráveis” sobre o Benfica, no Facebook.” Há na notícia mais elementos
onde é nítida a preocupação de quem, no PSD, elaborou o documento.
Apesar de ter sido retirada a proposta,
o simples facto dela ter surgido é motivo de júbilo. Legislem e aprovem, de
preferência por unanimidade, um documento que acabe com toda a opacidade à
volta do futebol.
Porém, mais importante do que a
qualidade da lei é a vontade dos eleitos em não subverte-la. A opacidade financeira
gerada na promiscuidade entre a política e o futebol, tem o dinheiro dos
impostos como aglutinador. A exposição pública, no clube e no partido, rende
votos, mas descredibiliza qualquer um quando os tribunais são chamados a
intervir por suspeitas de má utilização do dinheiro dos impostos.
Aqui chegados, restam-nos duas soluções:
quem manda impõe-se e não pactua com a opacidade financeira que grassa no mundo
da bola para conquistar votos; continuam a política do Frei Tomás. Dizer, sem
dúvida, dizem, mas não fazem aquilo que dizem.
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