LOUCO TRUMPISTÃO
Apurado o vencedor das eleições Americanas, a
euforia instalou-se entre os seus apoiantes internos e, muitos outros,
repartidos pelo Mundo. Surgiu também, em contraponto, um clima generalizado de
suspeição pela insanidade das propostas eleitorais que, dividindo as pessoas, auguravam
“tempestade”. Mandava o bom senso que não fervêssemos em água fria, pois uma
coisa é campanha eleitoral, outra, bem diferente, é o exercício de funções após
a tomada de posse. Empossado, em Janeiro, para o cargo mais poderoso do
Trumpistão – nada mais nada menos que o Planeta Terra – é legítimo um juízo de
valor sobre os méritos e deméritos deste “Chefe”.
Internamente, os insucessos acumulam-se. Ele não entende
a diferença entre dirigir uma empresa e um Estado. Deixa-nos a sensação de que
o Estado, para ele, apenas serve para promover os negócios familiares. As
coisas pioram quando o Estado Americano e a família Trump confundem tudo em
negócios com outros Estados. Passados seis meses, sendo Trump Sagitário, depois
do depoimento Comey, subscrevo a opinião de uma astróloga: "Vai continuar a
ser queimado em lume brando, por culpa própria ou por incompetência, mas não
tem motivos para fazer as malas e sair da Casa Branca pelo menos até
2019."
O principal aliado
dos EUA na Europa – Reino Unido – viu na vitória de Trump um forte
encorajamento ao Brexit. Trump também não hesitou em declarar apoio a Marine Le
Pen, dividindo a União Europeia. A sua primeira saída dos EUA fez cair todas as
dúvidas que restassem sobre o personagem. Ignorante, desconhece que as lutas
religiosas na Europa levaram a que muitos “refugiados” tivessem procurado o
Novo Mundo, do séc. XVI ao XIX. Vender armas a sunitas, facção religiosa em
litígio armado com os xiitas, diabolizando os segundos, não é de quem procura a
Paz. É sim, de quem quer a Guerra. Oportunamente, o PAPA Francisco afrontou-o a
propósito do muro mexicano. Falando como cristão, ripostou ao Chefe da Igreja.
Terá sobrado pedra no sapato, mas, apesar disso, os EUA pediram que o Pres.,
fosse recebido pelo Chefe do Estado do Vaticano, o PAPA. O entusiasmo vivido no
encontro ficou bem expresso nos rostos onde só Trump sorria com expressão própria
de um pivot de notícias na hora de sair do ecrã. A cereja no topo do bolo foi o
discurso da NATO. Fez acordar os Europeus para a realidade de estarem sós na resolução
dos seus graves problemas de segurança.
Crítico, usando um
termo brando dos valores Ocidentais onde o Cristianismo pontifica, não hesitou
Trump em mostrar todo o seu apoio à Arábia Saudita, “professando” a facção
sunita do Islão. Coincidência ou não, elencarei factos em que as causas
sunitas, afrontando aquilo em que acreditamos, foram protegidas pelos EUA, no
pós-Trump.
As súbditas do
Reino Saudita, estão sujeitas à lei wali al-amr – “guardião masculino” – que
vai do pai ao marido, passando por irmão, tio, primo até filho de menor idade.
As mulheres insurgem-se contra isto dentro e fora do País. Há mulheres que
lutam a partir do estrangeiro. Foi o caso de uma jovem, Dina Ali, que ao
pretender o estatuto de refugiada na Austrália, foi detida em Manila pela sua
embaixada. A última frase que gravou foi “se voltar à Arábia Saudita morro”, a embaixada
apenas disse “uma questão meramente privada”. No Verão de 2016, uma jovem de 29
anos lançou a campanha “Abaixo o sistema do wali al-amr” e arranjou um sarilho
com o pai e irmãos, acabando detida em Abril. Em 2013, pressionada pela opinião
pública, a Arábia Saudita criminalizou a violência doméstica. Recebeu, em três
meses, 1890 queixas. Porém, o homicida de uma cidadã, após quatro dias de
detenção, foi libertado, sem julgamento ou qualquer outra punição.
A Arábia Saudita,
a 19 de Abril, foi eleita como um dos 45 Estados membros da Comissão da ONU de
Direitos das Mulheres. “Foi como se um pirómano tivesse sido nomeado chefe dos
bombeiros”, criticou, bem, a organização não governamental UN Watch.
Em Inglaterra o
Guardian considerou “absurdo que um país onde as mulheres apenas têm o direito
de ser submissas […] possa ser eleito para esta Comissão.” Na Bélgica, votara a
favor da entrada da Arábia Saudita para a Comissão, o Governo, pressionado pela
opinião pública, emitiu um pedido de desculpas sob a forma de acusação à
política americana. Leiam:
“Havia 12 candidatos 12 lugares e, neste
caso, não deveria ter havido votação mas os EUA precipitaram-na […] numa
estratégia deliberada para descredibilizar a ONU”
Aliados destes dispensam-se. Difícil é termos
de esperar dois anos para que se concretize a previsão da astróloga. Aguentará
o Trumpistão tanto tempo?
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