segunda-feira, 23 de maio de 2016

PLANOS HÁ MUITOS

Planos terríveis são aqueles que, aparentando uma coisa, acabam na sua contrária. 
Durante muitos anos, a Madeira foi capaz de produzir bens agrícolas que abasteciam a ilha. No Funchal, maior aglomerado populacional, em Novº. de 1940, surgiu o Mercado dos Lavradores.  
No fim dos anos 70, na eminência de se perderem umas toneladas de “semilha” e cebola, exportámo-las, suportando com dinheiro dos impostos a diferença entre o preço internacional dos bens e um preço mínimo que compensasse os lavradores. Por essa altura os produtores de banana, com Angola já independente, ressarciam-se dos baixos preços a que Lisboa os obrigara anos antes. 
Dez anos depois, com a entrada na Europa, preços mínimos à produção e adaptação aos preços internacionais, entram no nosso quotidiano. Chegou dinheiro a rodos. Houve dinheiro das várias torneiras da PAC, para a “Europeização da agricultura madeirense”. Houve dinheiro para modernizar as plantações fazer caminhos agrícolas e melhorar o regadio. Representantes dos Produtores de banana viajaram para regiões produtoras. Procuravam informação para reduzirem custos de produção e transporte bem como associarem-se. Tudo parecia garantir o sucesso desta “europeização agrícola”. 
Bruxelas não extinguiu a pecuária. Eles até pagaram um Centro de Abate. Quantos animais, hoje, lá são abatidos por ano? Por que desapareceram? Não venham com a treta do relevo pois a Suíça também o tem e cria animais. Não é que agora se culpa Bruxelas por não haver gado. Trinta anos depois, continuamos a ouvir o Sr. Pres. do GR apelar ao associativismo. Os Srs produtores de banana, em associações do sector, já viveram trapalhadas com dinheiro, envolvendo tribunais e até um suicídio ocorreu. Houve mão de Bruxelas nisto? Não, não houve. Foi tudo “made in Madeira”. 
A perversão vem do início. A escassez de água é uma realidade. Mas, no papel, ela era inesgotável. Mirra a exploração à sede? Paciência, acontece... A irresponsabilidade máxima aconteceu com a reactivação da produção sacarina depois do episódio grotesco de tomateiros, em Câmara de Lobos, em Agosto, a serem regados por autotanque, tal qual Porto Santo! Doses de propaganda e o dinheiro da PAC (torneiras como lhe chamo no princípio) anestesiaram as vítimas. Porém, a aluvião vinha a caminho. 
Chegado o dinheiro para a alimentar a riqueza pletórica, cansados de “acenar ao diabo”, falhada a promessa vital da água, muitos “emigraram” para a construção civil. Assim as produções reduziram-se quase a zero, nalguns bens. A CMF veio ajudar à Festa, reduzindo o espaço para a comercialização dos produtos regionais, com a complacência do poder regional, naquele que foi o Mercado dos Lavradores. Com amigos destes, a Agricultura não precisa de inimigos.

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