O PLANO
Diz-se que O Sonho comanda a Vida. Feito de Ambição e Tenacidade o sonho de alguém pode ser Servir o Bem Comum. Foi este o caso dos Srs. Drs. Mota Amaral e Alberto João. Prometeram, a Madeirenses e Açorianos, melhores-lhes condições de vida. Cada um tinha o seu Plano, mas os caminhos percorridos não foram exactamente os mesmos.
Sá Carneiro, disse: “ Em democracia não há leis indiscutíveis, não há pessoas indiscutíveis. Em democracia, só é discutível o respeito pelas Liberdades de cada um…”. É dentro deste princípio que se escolhem as lideranças que, como aconteceu com Churchill, aceitam os reveses.
Aprovada a Constituição de 1976, tal como hoje com Cavaco e Marcelo, Mota Amaral e Alberto João agiram conforme a interpretação dos seus Poderes. As diferenças, nos primórdios da Autonomia, diluíam-se na verborreia anti-continente. A dicotomia direita-esquerda instalada com o 25 de Abril potenciava tudo aquilo que fosse ligado à “tropa comuna”. A crispação da época foi essencial para gerar o denominado “Contencioso das Autonomias”.
É este contencioso que dá ideia de haver percursos iguais nas duas Regiões. Ele tem duas componentes: ganhar espaço próprio entre o Estado e as Autarquias e abrir os cordões à bolsa do Estado. Negociando, Mota Amaral, regateando, Alberto João, ambos procuraram fazer chegar a brasa à sua sardinha.
Tivemos, nos Açores, conflitualidade no episódio das bandeiras com o Gen. Rocha Vieira. Outras duas situações foram resolvidas pelo Dr. Soares. Acompanhou um Pres. Africano numa visita, marcada sem intervenção do Estado, aos Açores. Fez coincidir uma visita sua, com a Festa do Dia dos Açores, organizada pela comunidade açoriana na costa leste dos USA, enquadrando os Açorianos, para Americano ver, no espaço Português. Retirou protagonismo a Mota Amaral. Discordando da posição do Estado que, nas negociações com os USA, tinha aceitado retirar 30 Milhões de dólares, destinados ao orçamento regional, eram contrapartidas pela utilização das Lajes, limitou-se a, sarcasticamente, felicitar o negociador por sermos tão ricos que podemos perder tanto dinheiro. Mais tarde o diplomata escreveu: “Devo, no entanto, reconhecer que ao longo da minha carreira….sempre recebi do Dr. Mota Amaral as melhores atenções”.
Mota Amaral, em Outubro de 1995, achou que o seu trabalho na criação das infraestruturas cessara, serviria melhor Portugal noutras funções.
Os Madeirenses por essa altura viviam um período de encantamento. A 15/9/2000 inaugurou-se o Aeroporto. Única grande obra acima de qualquer crítica, geradora de retorno financeiro capaz de pagar o empréstimo contraído. Foi uma pena o Engº Segadães Tavares não fazer marinas, poderiam faltar barcos – erro de político ou de economista – mas estaria de pé, garbosamente vazia.
Os trilhos que aparentavam ser os mesmos em 1978, divergem a olho nu. Em 1995, Mota Amaral demitiu-se. Assumiu posições de relevo na Vida Nacional mantendo a sua qualidade de Presidente Honorário do PSD/A. Em 2007, fiel ao “contencioso da Autonomia”, em protesto contra a Lei das Finanças Regionais que, alegadamente, retiravam verbas à RAM Alberto João demitiu-se. Recandidatando-se, obteve mais uma retumbante vitória. As fanfarronadas eleitorais não pagavam dívidas. Consciente disso tenta, em 2008, a candidatura à liderança nacional do partido. Rejeitado manteve-se pela RAM até 2015
Os dois sonhos tiveram finais diferentes. Um deles virou pesadelo. O sonhador, com vários processos, anda pelo Tribunal e muitos daqueles que acreditaram nele dormem pelas ruas do Funchal.
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