terça-feira, 24 de maio de 2016

ADECOS, COPEIANOS E A VENEZUELA
D. N. 28/12/2007
        Como teria sido diferente a História, se os cavalos só existissem, por exemplo, dos Pirinéus para cá! Até onde teria ido a cobiça? A principal fonte de energia do séc. XX – o petróleo – apresenta esta característica, localiza-se em zonas específicas do planeta. Venezuela está numa delas.
        A 10 de Nov. de 1823, as tropas de Simão Bolívar levaram os espanhóis à capitulação. A 30 de Março de 1845, Venezuela é reconhecida por Espanha, como Nação soberana.
        A efervescência do Continente Americano levou o Pres. Monroe a declarar, na mensagem anual ao Congresso, em 2 de Dez. de 1823: “os continentes americanos, pela condição livre e independente que conquistaram e que mantêm, não devem mais ser considerados como susceptíveis de colonização por qualquer potência europeia”. É importante este pensamento. Aquilo que o futuro nos vai revelar é que o vizinho rico do Norte vai procurar o acesso ao petróleo por processos idênticos aos colonizadores europeus.
A vida na Venezuela pós independência, decorre com sobressaltos. Cidadãos estrangeiros pedem protecção. Por volta de 1903, uma esquadra mista europeia bombardeia portos venezuelanos. Em 1908, o Gen. Juan Vicente Gómez, recorrendo a violenta repressão, restabelece a paz social. Nos 27 anos do consulado de Goméz, além dos enriquecimentos que ele permitiu, assistiu-se, mundialmente, ao aumento da importância do petróleo.
        Em 1935 o Mundo dividia-se entre Hitler e Estaline. Os U.S.A. não queriam que, próximo de casa, surgissem Estados alinhados com Estaline. Chegava e sobrava a 2ª Guerra. Neste contexto difícil, interessava-lhes aceder ao petróleo sem entraves. Havia que garantir “governos amigos” em países preponderantes na energia.
A Venezuela passava por dificuldades. Um golpe depõe o Pres. Rómulo Gallegos e a instabilidade só termina com a chegada de Marcos Pérez Jimenez em 1952, que acabou destituído em 1958.
        ADECOS e COPEIANOS, revezando-se no Poder, assumem os destinos da Nação. Vive-se uma democracia faz de conta. O interesse colectivo é o somatório dos interesses individuais dos dirigentes políticos. A fartura de meios parecia não ter fim. O petróleo permitiu todos os desmandos.
Eleito em 1988, Andrés Perez (Adeco) encontrou uma má situação económica. As reacções às medidas de austeridade não se fizeram esperar. A violência social instalou-se. Inflação de 45% e uma dívida externa de $36 biliões não permitiram que em 1994 Rafael Caldera, (ex-Copei) sucessor de Perez, fizesse o triplo milagre de recuperar: a economia, a imagem dos políticos e a dos partidos.
Face ao falhanço dos partidos tradicionais e, atendendo a que em política não há vazio, surgiu, em 1997, o Movimento da V República liderado por Hugo Chávez.
A doutrina Monroe afastou os Europeus da América, mas não livrou Venezuela de que a rapacidade do vizinho do Norte caísse sobre o País. “Dirigentes amigos” facilitaram o acesso ao petróleo cujas receitas, só serviram alguns.
As consequências tardaram, mas não faltaram. O regabofe gerou Chávez, um dirigente populista e demagogo. Ele tem um inimigo externo (U.S.A.) que, trabalhado no cadinho da história, tem semelhanças com os bombardeamentos europeus de há cem anos. Junta-lhe a figura de Simão Bolívar e consegue um cocktail de “emoções comicieiras” imbatível. Trará, Chávez, estabilidade à Venezuela? Confesso que para mim será uma grande surpresa. Populismo e demagogia não levam a nenhum lado.

Leitor, as mesmas causas levam aos mesmos efeitos em qualquer ponto do globo.

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