ADECOS,
COPEIANOS E A VENEZUELA
D. N. 28/12/2007
Como
teria sido diferente a História, se os cavalos só existissem, por exemplo, dos
Pirinéus para cá! Até onde teria ido a cobiça? A principal fonte de energia do
séc. XX – o petróleo – apresenta esta característica, localiza-se em zonas
específicas do planeta. Venezuela está numa delas.
A
10 de Nov. de 1823, as tropas de Simão Bolívar levaram os espanhóis à
capitulação. A 30 de Março de 1845, Venezuela é reconhecida por Espanha, como
Nação soberana.
A
efervescência do Continente Americano levou o Pres. Monroe a declarar, na
mensagem anual ao Congresso, em 2 de Dez. de 1823: “os continentes americanos,
pela condição livre e independente que conquistaram e que mantêm, não devem
mais ser considerados como susceptíveis de colonização por qualquer potência
europeia”. É importante este pensamento. Aquilo que o futuro nos vai revelar é
que o vizinho rico do Norte vai procurar o acesso ao petróleo por processos idênticos
aos colonizadores europeus.
A vida na
Venezuela pós independência, decorre com sobressaltos. Cidadãos estrangeiros
pedem protecção. Por volta de 1903, uma esquadra mista europeia bombardeia
portos venezuelanos. Em 1908, o Gen. Juan Vicente Gómez, recorrendo a violenta
repressão, restabelece a paz social. Nos 27 anos do consulado de Goméz, além
dos enriquecimentos que ele permitiu, assistiu-se, mundialmente, ao aumento da
importância do petróleo.
Em
1935 o Mundo dividia-se entre Hitler e Estaline. Os U.S.A. não queriam que, próximo
de casa, surgissem Estados alinhados com Estaline. Chegava e sobrava a 2ª
Guerra. Neste contexto difícil, interessava-lhes aceder ao petróleo sem
entraves. Havia que garantir “governos amigos” em países preponderantes na
energia.
A
Venezuela passava por dificuldades. Um golpe depõe o Pres. Rómulo Gallegos e a
instabilidade só termina com a chegada de Marcos Pérez Jimenez em 1952, que acabou
destituído em 1958.
ADECOS
e COPEIANOS, revezando-se no Poder, assumem os destinos da Nação. Vive-se uma
democracia faz de conta. O interesse colectivo é o somatório dos interesses individuais
dos dirigentes políticos. A fartura de meios parecia não ter fim. O petróleo permitiu
todos os desmandos.
Eleito em
1988, Andrés Perez (Adeco) encontrou uma má situação económica. As reacções às
medidas de austeridade não se fizeram esperar. A violência social instalou-se. Inflação
de 45% e uma dívida externa de $36 biliões não permitiram que em 1994 Rafael
Caldera, (ex-Copei) sucessor de Perez, fizesse o triplo milagre de recuperar: a
economia, a imagem dos políticos e a dos partidos.
Face ao
falhanço dos partidos tradicionais e, atendendo a que em política não há vazio,
surgiu, em 1997, o Movimento da V República liderado por Hugo Chávez.
A
doutrina Monroe afastou os Europeus da América, mas não livrou Venezuela de que
a rapacidade do vizinho do Norte caísse sobre o País. “Dirigentes amigos” facilitaram
o acesso ao petróleo cujas receitas, só serviram alguns.
As
consequências tardaram, mas não faltaram. O regabofe gerou Chávez, um dirigente
populista e demagogo. Ele tem um inimigo externo (U.S.A.) que, trabalhado no
cadinho da história, tem semelhanças com os bombardeamentos europeus de há cem
anos. Junta-lhe a figura de Simão Bolívar e consegue um cocktail de “emoções
comicieiras” imbatível. Trará, Chávez, estabilidade à Venezuela? Confesso que
para mim será uma grande surpresa. Populismo e demagogia não levam a nenhum
lado.
Leitor,
as mesmas causas levam aos mesmos efeitos em qualquer ponto do globo.
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