QUANDO MADURO FICA “PODRE”
Chavez, com a Constituição de 1999, criou a
República Bolivariana da Venezuela. O acrescento não foi ingénuo. Ele relembra
a emancipação de Espanha, invocando a pessoa de Simón Bolivar.
George Washington e Simón Bolivar foram dois homens
que marcaram a sedição das Colónias do Novo Mundo, contra os Impérios Europeus.
Cavalgando o Iluminismo do sec. XVIII, as colónias britânicas separaram-se de
Inglaterra. Simón Bolívar é considerado em
alguns países da América Latina como um herói, visionário, revolucionário, e
libertador. Durante os seus 47 anos de vida, liderou a Bolívia, a Colombia,
Equador, Panamá, Peru e Venezuela à independência, e ajudou a lançar bases
ideológicas democráticas na maioria da América Hispânica. É o “George
Washington” da América do Sul.
George Washington foi anterior a Napoleão. Simón
Bolivar, posterior ao “anti-Cristo”, já não assistiu à ratificação da
Independência, em 1845. O período decorrido entre 1776 (Independência dos EUA)
e 1845 foi suficiente para que na trilogia da Revolução Francesa – Liberdade,
Igualdade, Fraternidade – surgisse a cizânia Republicana à volta do conceito de
Igualdade.
No Novo Mundo, não eram aceites interferências das
antigas potências coloniais nos seus assuntos. Recordavam o passado. Este
princípio e a Doutrina Monroe (a América para os Americanos) suportou o
expansionismo dos EUA sobre vastos territórios da Coroa Espanhola. Porém, os
privilégios aristocráticos, abalados por Napoleão, só cessaram com a 1ª Guerra
Mundial, onde os EUA participaram em nome da Liberdade. As jovens Nações
Hispânicas ainda se debatiam com sérias dificuldades na criação das estruturas
de Estado, nessa altura.
Muito pior que o ideário Republicano, foi a
degenerescência da Igualdade para o Comunismo, na Rússia em 1917.
O Império Americano cujo expansionismo e controlo
da “vizinhança” já vinha do passado, acautelou-se face à nova realidade. Os
Somoza, na Nicarágua, entre 1936 e 1972; Rafael Trujillo, na Rep. Dominicana,
de 1930 a 1961; Alfredo Stroessener no Paraguai, entre 1954 e 1989; Os Papa e
Baby Doc, de 1957 a 1971, no Haiti, foram os “ditadores amigos” dos EUA. Todos
eles eram Homens de Bem que repudiavam o comunismo e queriam o bem-estar do
Povo Humilde. Fidel Castro, o comunista inveterado, também queria o Bem do
Povo. Andamos nisto há cem anos!
Após a Independência a Venezuela passou por forte
instabilidade. O fim do sec. XIX e os primeiros 20 anos do sec. XX, foram
particularmente difíceis para o País, apesar de Venezuela, Brasil, Chile e
Argentina terem tratamento diferenciado pela sua dimensão e importância
estratégica no Continente Americano.
Em 1920, a Venezuela era o maior produtor de
petróleo. Mas só em 1945 o Partido de Acção Democrática, com Rómulo Betancourt,
trouxe estabilidade. Duraria até 1948. Os EUA, receando a acção do “perigoso
comunista” Rómulo Gallegos, provocaram-lhe a queda, lançando Venezuela na
confusão. A saga das receitas do petróleo, esconde muita porcaria, desde esses
longínquos anos 50.
Em 1952, Perez Jimenez emerge em circunstâncias
estranhas, arrebatando o Poder aos vencedores de eleições. Foi condecorado com
a Legião de Mérito pelo embaixador dos EUA, em Caracas. Em 1958, na companhia
da esposa e das filhas, fugiu para a Rep. Dominicana, do “amigo” Trujillo. Seguiram-se
lideranças várias com o regressado Rómulo Betancourt, Raul Leoni e Rafael
Caldera, até que Carlos Andrés Perez ganha eleições em 1973. Aproveitando um
período de alta do petróleo e a boa relação com os EUA, Andrés Perez estabiliza
a Venezuela. Porém, a riqueza findaria cinco anos depois. É este o drama
venezuelano, viver em função da riqueza especulativa dos mercados. Em 1988, o
mesmo Andrés Perez recorre ao FMI. O desemprego cresce, as greves também, e regressa
a instabilidade. Perez é destituído num processo de corrupção. Neste ambiente
social, chega ao poder Hugo Chávez. Saíam os “ditadores americanos e bons”,
entravam os “comunistas e maus”.
Nos dias de hoje, isto não existe! Ditador é
ditador, não os há bons e maus. As vítimas desta falsa dicotomia deixam-se
embalar por uma imprensa que verbera os mortos e feridos, às mãos dos esbirros
de Maduro, mas nada diz sobre os lobos com vestes de cordeiro, que alimentam a
contestação na esperança de acenar com a falsa riqueza, da Goldman Sachs e
afins. Precisamos de leis que nos protejam dos abutres que distribuem de forma desigual
a riqueza gerada entre Trabalho e Capital. Já viram quais os amigos de Chávez
no nosso País? Direita e esquerda apoiaram-no. Angola, com o seu MPLA da
família Santos, contou com apoios de direita e esquerda. Hoje os tiranos bons e
maus estão mancomunados para, através do sistema financeiro, nos fazerem
escravos, de grupos bem pequenos, de gente muito rica.
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