JUÍZES, SOMOS TODOS
Nos Estados de Direito,
a Constituição é a base com os seus três Poderes – Legislativo, Judicial,
Executivo. Às diversas Instituições do Estado devemos respeito e exigimos
dignidade.
Um dos primeiros incidentes, após a aprovação da Constituição
e 1976, sobre o qual o Poder Judicial foi chamado a pronunciar-se, foi o de uma
lei emanada da AR. Ela reduzia o vencimento do Gen. Eanes. Promulgada a lei o
PR envio-a para o Tribunal que a declarou nula. Legitimada a sua posição,
prescindiu de receber. Encerrado o litígio, respeitou-se o Tribunal
dignificou-se a AR e a Presidência da República.
A Liberdade trouxe dois
aspectos fatais para a perda de dignidade e respeitabilidade das Instituições
do Estado: excessos de linguagem; uso da comunicação social para passar
mensagens políticas. Os Tribunais foram usados, por alguns eleitos, como órgãos
amedrontadores de cidadãos. Empresas da Comunicação Social e Jornalistas
sabem-no bem. Num caso mediático ocorrido nesta terra – julgamento do
Brasileiro Frederico Cunha – a campanha na opinião pública, com pressão sobre o
Tribunal – levou a que ainda hoje estejam no ar dúvidas sobre a qualidade da
sentença, apesar do processo já ser público e ter feito a via-sacra dos
Tribunais que a confirmaram em todas as instâncias. Desrespeitou-se o Tribunal,
deixando pairar a dúvida, até hoje.
Tivemos 1ºs Ministros que elegeram os
Tribunais como “Força de Bloqueio”. Alguém se recorda do número de vezes em que
a TV nos deu imagens de gente licenciada em direito, exercendo advocacia e acumulando
essa condição com a de deputado e dirigente político, à porta de um Tribunal,
tentando influenciar a opinião pública a favor do acusado seu correligionário
de partido? Estes casos são os mais graves no desprestígio de tudo e todos.
Avilta-se o tribunal, desrespeita-se a AR e a militância partidária causa
escárnio.
A pessoa do acusado é importante. Um autarca não tem, na comunicação
social, o destaque de um ex-1º Ministro. Essa foi a cereja no topo do bolo. A discrição
que deve pautar o comportamento de quem serve o Estado, sem que seja
escrutinado pelos votos, quebrou-se com a exposição a que se submeteu o Juiz
Carlos Alexandre. Devia ter estado calado, e por isso, merece ser castigado.
Todos
achamos que os Tribunais não funcionam. Aos partidos, “patrões dos deputados”, pede-se-lhes
que parem com isto. Não se escondam, conforme lhes der jeito, nas investigações
persecutórias, ou procrastinando, com ajuda dos advogados, os processos até à
desejada prescrição. Legislem e saibam interpretar a lei. Lembram-se daquela
lei, sobre mandatos nas autarquias, em que a AR pediu ao Tribunal para interpretar
o conteúdo daquilo que os Srs. Deputados haviam votado? Terá sido ignorância ou
medo?
Que tal não votar até que os partidos, e “seus assalariados”, nos tragam,
para discussão, um pacto para a Justiça? Ele seria o tema da campanha, com a promessa
de transformá-lo em lei na legislatura imediata.
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