A IGREJA E A PECUÁRIA
Dia 29 de Junho referi-me à tensa
situação político-social que se viveu na Madeira, mercê da Revolta do Leite em
1936. Interesses privados, de alguns poderosos locais, ardilosamente trabalhados
na cabeça dos criadores de gado, de modo a que prevalecesse a vontade dos
“senhores”, levaram ao confronto com a vontade do Estado de reorganizar o
sector. Humildes, pobres, e, abandonados por quem os enganara, suportaram
largos meses de terror. O Sr. Pe. César Miguel Teixeira da Fonte distinguiu-se
no apoio às gentes de Santana e Faial. Pagou pela coragem que teve na defesa da
Pessoa Humana, vítima da prepotência e por acreditar que: “Ganharás o Pão com o
suor do teu rosto”.
Há 40 anos,
nascia a Autonomia, outro período conturbado da vida colectiva. O Pároco da
Santa do Porto do Moniz - Sr. Pe. António Lobo – apelando muito mais à Fé
Cristã que à Pessoa Humana, impôs bom senso a uma tentativa de distúrbio,
envolvendo intolerância e anticlericalismo, desmobilizando rapidamente os fiéis
no fim da missa.
Domingo o
Pároco da Santa, – Sr Pe. Ricardo Freitas - assumindo uma posição que tem muito
a ver com os seus dois antecessores desagradou aos detentores do poder político
ao defender as Pessoas de leis que ele considera injustas, sem as acirrar, umas
contra as outras.
O Governo em
funções, ao contrário daquilo que uns cobardes anónimos pretendem, herdou 40
anos de irresponsabilidade e destruição da pecuária. Gerir esta situação na
comunicação social, como se fez até hoje, é totalmente ineficaz. As populações,
como no tempo de Teixeira da Fonte, acreditam em: “Ganharás o Pão com o suor do
teu rosto”. Foi isso que Ricardo Freitas transmitiu a este poder político,
herdeiro de outro, que derramando dinheiro e fazendo propaganda escondeu a desgraça
que vinha a caminho. O Sr Pe. está enganado quando se insurge contra os
regulamentos europeus. Eles mandaram dinheiro para que os nossos produtores
tivessem as mesmas condições dos seus congéneres europeus. Não lhes cabe, por
isso, a culpa do enviesamento que por cá se fez na utilização do dinheiro.
Tempos
difíceis estão a caminho, se não se encarar de frente a realidade. Promessas de
gado “limousine” e outras coisas no género não nos levam a nada. Assumam-se os
erros e, falando verdade, tente-se arrepiar caminho. Prosseguindo-se neste
trilho, dentro em breve, o Sr. Pe Ricardo Freitas não terá fiéis na Missa da
Feira do Gado. Terá de ir às ilhas do Canal para encontrar os ex-paroquianos e,
à Diocese bastar-lhe-á celebrar a Missa do meio-dia no Colégio, destinada aos
homens do poder político-financeiro.
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