terça-feira, 5 de julho de 2016

A IGREJA E A PECUÁRIA
            
              
                 Dia 29 de Junho referi-me à tensa situação político-social que se viveu na Madeira, mercê da Revolta do Leite em 1936. Interesses privados, de alguns poderosos locais, ardilosamente trabalhados na cabeça dos criadores de gado, de modo a que prevalecesse a vontade dos “senhores”, levaram ao confronto com a vontade do Estado de reorganizar o sector. Humildes, pobres, e, abandonados por quem os enganara, suportaram largos meses de terror. O Sr. Pe. César Miguel Teixeira da Fonte distinguiu-se no apoio às gentes de Santana e Faial. Pagou pela coragem que teve na defesa da Pessoa Humana, vítima da prepotência e por acreditar que: “Ganharás o Pão com o suor do teu rosto”.
            Há 40 anos, nascia a Autonomia, outro período conturbado da vida colectiva. O Pároco da Santa do Porto do Moniz - Sr. Pe. António Lobo – apelando muito mais à Fé Cristã que à Pessoa Humana, impôs bom senso a uma tentativa de distúrbio, envolvendo intolerância e anticlericalismo, desmobilizando rapidamente os fiéis no fim da missa.
            Domingo o Pároco da Santa, – Sr Pe. Ricardo Freitas - assumindo uma posição que tem muito a ver com os seus dois antecessores desagradou aos detentores do poder político ao defender as Pessoas de leis que ele considera injustas, sem as acirrar, umas contra as outras.
            O Governo em funções, ao contrário daquilo que uns cobardes anónimos pretendem, herdou 40 anos de irresponsabilidade e destruição da pecuária. Gerir esta situação na comunicação social, como se fez até hoje, é totalmente ineficaz. As populações, como no tempo de Teixeira da Fonte, acreditam em: “Ganharás o Pão com o suor do teu rosto”. Foi isso que Ricardo Freitas transmitiu a este poder político, herdeiro de outro, que derramando dinheiro e fazendo propaganda escondeu a desgraça que vinha a caminho. O Sr Pe. está enganado quando se insurge contra os regulamentos europeus. Eles mandaram dinheiro para que os nossos produtores tivessem as mesmas condições dos seus congéneres europeus. Não lhes cabe, por isso, a culpa do enviesamento que por cá se fez na utilização do dinheiro.
            Tempos difíceis estão a caminho, se não se encarar de frente a realidade. Promessas de gado “limousine” e outras coisas no género não nos levam a nada. Assumam-se os erros e, falando verdade, tente-se arrepiar caminho. Prosseguindo-se neste trilho, dentro em breve, o Sr. Pe Ricardo Freitas não terá fiéis na Missa da Feira do Gado. Terá de ir às ilhas do Canal para encontrar os ex-paroquianos e, à Diocese bastar-lhe-á celebrar a Missa do meio-dia no Colégio, destinada aos homens do poder político-financeiro. 

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