EMBUÇADO
É nome de um Fado, cuja
letra nos fala de um Rei – Aristocrata – que, querendo penetrar na Alma do
Povo, disfarçado, frequentava as tascas para ouvir fado e assim, incógnito,
conhecer bem os súbditos.
Em nove sécs de vida, oito
vivemo-los em Monarquia. Nesta Europa da Cristandade, Sogros e Sogras, Tios e
Tias, Primos e Primas punham e dispunham dos súbditos, impondo-lhes a sua
autoridade. Ai o temor que se apossava dos Aristocratas, depois infundido ao
Povo, quando não havia sucessor. Tivemos uma situação dessas com o D.
Sebastião, o Desejado.
Corajoso,
e num impulso da juventude, pegou em armas e foi Ele próprio defender a
Cristandade, em África. Não ligou às opiniões de quem lhe desaconselhava a
aventura marroquina. Deixou atrás de si um rasto de desolação. Reza a lenda que
voltará em manhã de nevoeiro, talvez para pedir desculpa pela insensatez da
juventude.
Apeada a monarquia em 1910,
os súbditos ganharam estatuto de cidadãos. Porém, em 1978, numa pequena parcela
do Território Nacional, um dos dez milhões de Portugueses, cidadão como os outros,
achou que podia ser rei. Começou por criar um séquito. Fê-lo distribuindo generosas
prebendas a outros que ficaram seus súbditos. Alcácer Quibir foi o local da
desgraça para a Pátria e para o próprio D. Sebastião. Este compatriota
especialista em “defesa acústica”, construiu o seu Alcácer Quibir, na RAM.
Vai, sem disfarce, às
tascas. Ele, emanação do Povo, conhece-o. Acompanhado pelos servidores, vão
eles próprios dar música, explorando a ignorância dos madeirenses que, votando,
lhes garantem o poder. O Fim antevia-se trágico, como em Marrocos.
Avisaram-no. Fui um deles. H á 20 anos que, frontalmente, sugeri
que mudasse para que, quem nele confiou, votando, não fosse traído. Fui
insultado, pelo próprio mais a sua camarilha de anónimos. A tragédia consumou-se.
Deixando para trás fome e miséria e mais uns anos de sofrimento que estão na
calha para que “cresça o PIB e o desemprego desapareça”.
Qualquer adulto responsável
assume os seus erros. Desacobarda-te, faz-te adulto, dá a cara e pede desculpa.
Não te escondas por detrás de prosas demagógicas e anónimas. Os ignorantes de
há 40 anos já não engolem isto:
Os “quadrados” que assim
pensam, vivem na obsessão do equilíbrio das contas públicas, colocando-as no
patamar do indiscutível, de algo mais importante do que tudo, como se dar
emprego a quem o procura, pão aos que passam fome…. não fossem também alicerces
de uma sociedade justa e equilibrada.
Compreende-se que um “manga
de alpaca” qualquer, chegue o não, ao lugar de secretário coloque as
preocupações debaixo do tapete. A culpa de ter ascendido a tal posto não lhe
deve ser atribuída, mas sim aos responsáveis pela escolha.
…O PIB baix“a, o desemprego e
a pobreza aumentam. Há muita gente… em estado de desespero. Equilibrem as
contas,…, mas lembrem-se que é preciso pensar para além do equilíbrio
financeiro e do superavit.
Tenham sempre presente, que
um dia aqueles que não têm emprego nem perspectivas de vir a tê-lo pode reagir
e então não haverá política que resista.
Deixem a política para os
políticos.”
Já pediste desculpa por eu
ter sido secretário, pede-a pelos outros erros pois como o “acobardado” afirma
“….um dia aqueles que não têm emprego nem perspectivas de vir a tê-lo podem
reagir e então não haverá política que resista”. Dando crédito ao acobardado, o
político és tu…ou ele. Acertem lá isso entre vós.