domingo, 30 de outubro de 2016



DEMOCRACIA E DEMAGOGIA


A soberania do Povo, a menos má das formas de governação conhecidas, por vezes, é atacada por um vírus terrível que pode levá-la à morte. A governação dos Povos acarreta alguma demagogia e ela é desculpável enquanto não ganha dimensão patológica. Quando, aparece alguém possuidor de um discurso fácil e emotivo que arrebata multidões, ameaçando as regras da governação, incutindo a ideia de que resolve os medos vividos pelo homem comum no seu quotidiano, temos um demagogo perigoso nessa sociedade. Aí chegados, acautelemo-nos. 
Há circunstâncias históricas propícias a estas ocorrências. O Mundo, neste momento, reedita os anos trinta do séc. XX. Na actual campanha eleitoral para a Presidência dos USA, na sua linguagem de lupanar, o demagogo Trump já fez estragos no seu País, com sequelas no Mundo, que chegam e sobram. Trump assume, para pior, na linguagem e na mensagem, aquilo que de mau fez o Padre Couglin, a partir de 1926. Era a moda, na época, o recurso à rádio para propagar as ideias. Exímio orador, esse Católico Irlandês, e em tempos de primazia dos brancos anglo-saxónicos, esqueceu o melting pot americano que incluía, desde a Revolução, tensões várias onde se destacava o Ku Klux Klan e o seu terror. Apoiou, inicialmente, o New Deal. Instalada a tempestade perfeita nos USA e no Mundo, o anti-comunista Couglin, que usara a rádio para a mensagem Religiosa, entrou no anti-semitismo e pregava que os operários deveriam, em nome Deus, combater a ganância dos banqueiros. Anos, muitos milhões de mortos e destruição, depois, construiu-se, em 1946, a Paz dos Vencedores, como já acontecera em 1919. 
Hoje as condicionantes político-financeiras recriam a Grande Depressão. Trump, na peugada de Couglin, que usara a rádio, recorre, despudoradamente, à TV e às mais sofisticadas técnicas de propaganda para entrar no coração dos eleitores. Dizendo aquilo que agrada aos brancos anglo-saxões desempregados, esquece que os muros que quer construir para “afugentar” os “ladrões de empregos”, vindos do exterior, vão acordar fantasmas adormecidos desde há muito, gerando conflitos graves no País e na vizinhança. Convinha não esquecer que do México à Patagónia, desde o tempo do Presidente Monroe, vigorou o quero posso e mando dos USA, mas a estas mentes, cuja ambição é o poder, a destruição e o sofrimento nada lhes diz. O seu émulo é Putin, um aventureiro surgido da implosão do regime soviético que, não hesita em eliminar as pessoas de quem não gosta à boa maneira do KGB donde veio. Putin foi trazido à colação, durante a campanha para ajudar Trump a denegrir a adversária, pouco se importando este com os interesses do Estado. 
A Paz de 1946, ressalvando uns casos localizados, pode dizer-se que durou 43 anos. Em 1989 tudo mudou. As pessoas motivam-se e lutam por aquilo em que acreditam. Pode ser uma simples rixa por causa da equipa de futebol e, subindo na hierarquia, chegaremos até ao combate ao totalitarismo. A Liberdade, imortalizada no nosso hino da Maria Fonte, – lá ia a intrépida Lutadora de pistola à cinta a tocar a reunir – merece que lutemos por ela contra todos os Trumps e Putins deste Mundo. O Pe. Couglin tinha sobre Trump uma importante vantagem. Era um homem culto, cujo erro terá sido invocar o nome de Deus para atirar os Homens uns contra os outros. Banqueiros contra desempregados, Católicos contra Judeus e comunistas contra não comunistas. Admitia Couglin que o mal estava com os banqueiros. Dizia ele: “não deixem o trabalho ser capaz de dizer que ele é levado para as fileiras do socialismo pela ganância desmedida…” Hoje sabemos que não é rigorosamente assim, entre os totalitarismos de Hitler e Estaline há muitas outras alternativas. Aos demagogos também se lhes conhecem boas ideias. 
Infelizmente, como no tempo de Hoover e Roosevelt, uma grave crise abateu- sobre todo o sistema financeiro. É o tempo ideal para surgirem os Trumps. Hoje, a Mensagem Cristã doutrora, deve ser analisada nas suas duas componentes. Na vertente Religiosa, foi assumida pelo próprio Papa Francisco que coloca o Homem no Centro do furacão, que ganha cada vez mais força e, começa a desabar sobre as nossas cabeças pedindo, aos dirigentes que decidem a Guerra e a Paz, que pensem em quem sofre. A outra componente, totalmente terrena, tem que ver com a “ganância dos banqueiros”. A luta, comunismo anti-comunismo, em breve, estará circunscrita à luta entre “ganância” e “trabalho”. As nuvens que pairam no ar são negras. Oxalá ainda estejamos a tempo, ao contrário de 1939, de evitar o pior, com mais uma devastação de consequências imprevisíveis. Curiosamente, esta disputa entre a “ganância” e os interesses dos Homens humildes tem dois Portugueses em posições de destaque. À “ganância” de Durão Barroso opõe-se o Humanismo de António Guterres. 
Todos aplaudiríamos a vitória de Guterres, mas, confesso-vos, não estou nada optimista.           

domingo, 23 de outubro de 2016

OITENTA ANOS SÃO PASSADOS




Na primeira página da edição do dia 22 de Out., do DN local, lê-se: “Prédio da ILMA “reverte” para os trabalhadores”. O fecho daquela unidade foi a sentença de morte num projecto para a Madeira. 

Dia 20, 5ª feira, perfizeram-se oitenta anos sobre a passagem do navio Luanda pelo Funchal para embarcar, na sequência da revolta do leite, 52 presos da PVDE (antecessora da PIDE), com destino a Cabo Verde. Colhiam-se as tempestades dos ventos semeados durante o tempo de Liberdade vivido entre 1910 e 1926. As elites de então, digladiando-se em retóricas parlamentares, deixaram degenerar a vida colectiva. Teixeira Gomes, em 1925, num jantar em Belém, falando para políticos e militares avisava: «enquanto certos políticos da nossa terra teimarem em pensar com o estomago e digerirem com os miolos, isto não tem concerto possível. E o pior é que já é muito tarde para tê-lo, porque quer os senhores queiram, quer não isto (acentuou, voltando-se à direita para o General Carmona e tocando-lhe nos galões) vai-lhes  directamente parar às mãos». Ele anunciava a Ditadura que surgiria meses depois. Num País instabilizado e inserido num Mundo conturbado, a vida colectiva deteriorara-se e urgia disciplinar o País. As liberdades foram cerceadas, mas os projectos em nome dos quais se haviam sacrificado as populações, resistiriam no tempo. 

A Madeira, na década de 30, conheceu três revoluções. Em 1939 surge o pesadelo da 2ª guerra, tornando ainda mais difíceis as condições de vida das populações. O Governador Civil de então dizia: “a fome é sempre má conselheira e uma ameaça à ordem pública”. Fiel às suas palavras, fez distribuir, gratuitamente, milho a desempregados. A ordem pública de então, hoje disciplina cívica, deve preocupar quem manda. O Turismo foi altamente penalizado, até pela redução dos barcos que nos visitavam. Só melhorou quando se ocuparam hotéis e outras residências com pessoas evacuadas de prováveis zonas de conflito, como Gibraltar. Predominava no grupo a juventude feminina - as “gibraltinas” - que revolucionaram os costumes da Madeira! O dinheiro derramado por estas pessoas teve um efeito positivo numa economia onde ele escasseava. A Madeira, ao contrário do Continente, não beneficiou do dinheiro da venda de volfrâmio aos Países beligerantes! 

Finda a 2ª guerra, o Estado Novo, durante 29 anos, (treze dos quais em guerra em três frentes africanas, não discuto se bem ou mal. Tenho opinião sobre isso, mas não vem ao caso agora) prosseguiu aquilo a que ele chamava a “valorização dos recursos locais”. O dinheiro - esse malvado – era escasso e criteriosamente repartido. Lembro-me que, na Guiné, “apertadinhos” com a girandola que vinda da mata nos caía em cima, gastámos mais granadas de obus do que aquelas que a parcimónia mandava. Não escapei ao reparo da hierarquia, ainda que muito leve. Obedecendo a estas regras, com sérias limitações de dinheiro, valorizavam os recursos dentro de um Plano, com Objectivos claramente expostos. Queriam turismo de qualidade. Cumpriram. Por isso deixaram o Madeira Palácio, o Sheraton, e a Matur. Seguiram, com algum atraso, as obras da captação de água para o regadio e abastecimento público. A pequena indústria agro-alimentar, que tanto fizera sofrer os madeirenses, também foi contemplada com legislação que a adaptaria às novas realidades. 

Com a implantação da Constituição de 1976, a Madeira ganhou a capacidade de gerir os seus recursos. A escassez de dinheiro acabou. Recorrendo, de início, à chantagem, juntando-se-lhe depois as ajudas Europeias e o crédito bancário, a abundância de dinheiro foi uma realidade até ao estoiro final. A conciliação do turismo de qualidade – herança do passado – com a produção agrícola criadora de riqueza implicava cautela, pois, vendendo o turismo paisagem, ela devia ser uma prioridade. Embriagados pelo dinheiro abundante, ganhar eleições foi objectivo único. A Europa afogou-nos em dinheiro! Faltou-nos “prudência e tino”, a Suíça é montanhosa e tem vacas, bem ao contrário daquilo que afirmava a propaganda – o acidentado da ilha impossibilitaria a criação de gado – na qual se escondeu um enorme falta de vontade política para agir. A água escassa, passou a ter como prioridade o turismo e a propaganda tudo isto escond(eu)ia. A subsistência das populações rurais ainda não está em perigo, mas o abandono a que votaram a formação dos preços dos bens agrícolas regionais reflecte-se num Mercado dos Lavradores vazio, acelerando a diabolização da produção regional. 

Qual o projecto de futuro que têm as nossas elites, apenas subordinadas à retórica “eleiçoeira” da 1ª República? Ao cair, o Estado Novo, deixou futuro. Face a esta realidade apetece reproduzir de Teixeira Gomes: «enquanto certos políticos da nossa terra teimarem em pensar com o estomago e digerirem com os miolos, isto não tem concerto possível.» Será o fim da Autonomia.

domingo, 16 de outubro de 2016

FLAGRANTES DA VIDA REAL





Passando os olhos na edição de 12 de Outº do DN local, lemos: fraude ensombra saúde; suicídio preocupa PSP, 40 polícias e familiares a serem seguidos; ladrões limpam €100.000; roubado por arrumador de carros. Infelizmente, notícias destas são frequentes no nosso quotidiano e envolvem desobediência, até agressões a polícias. A história das cartas de condução e os mortos em Aguiar da Beira são os mais recentes sinais de perigo do vulcão cívico, ainda adormecido, e que, ameaçando o País, ninguém quer identificar. A isto podemos juntar o “flamejante Agosto” a que só os Açores escaparam. Porém, a cereja no topo do bolo, há anos alvo de toda a atenção dos jornais e TV’s, com consequências arrasadoras nos nossos bolsos, são os escândalos financeiros, envolvendo figuras públicas da política e da finança


Todos estes factos entram-nos em casa de um modo fugaz, não deixando tempo para pensar, menos ainda para relacioná-los. As máquinas de propaganda fazem o resto. Jornais, jornalistas e comentadores – alguns muito pouco isentos – aproveitam e, esquecendo umas notícias e empolando outras, criam a sua verdade sobre os acontecimentos, procurando mobilizar os cidadãos para o voto num ou noutro sentido, sem minimamente irem ao cerne das questões. Entristece-me ver que aqueles que, em função dos sintomas, deviam alertar para a patologia que está a instalar-se na sociedade portuguesa, não o façam. Há um “vírus” comum que liga as ocorrências narradas. Falo da incapacidade de quem manda para impor a sua Autoridade que, num Estado Democrático, tem de ser a LEI. 


A Segurança dos Cidadãos é uma das principais razões para a criação do Estado. Cabe-lhe assegurar – é legítimo o uso da força dentro das regras legais contra os atentados a Cidadãos e seus bens – que na cabeça de nenhum Português paire qualquer dúvida quanto a isto. Podem chamar-me ave agoirenta, profeta da desgraça ou outra qualquer adjectivação. Podem tapar o sol com a peneira, enganando alguns durante muito tempo, mas não podem enganar-nos o tempo todo. Os cidadãos têm de ser confrontados com as suas responsabilidades. À arma do voto cabe-lhe essa função. A propaganda com que lhe enchem a cabeça esconde-lhes este alvo, apesar de ele ser o mais importante do Estado de Direito. Aqui reside a diferença para o Estado caído em 1974. Não sentíamos então a insegurança que hoje nos atinge. O mal não está na Liberdade. A pusilanimidade dos eleitos é que nos trouxe a isto. Eles próprios se escondem nos interstícios da Lei e, nada fazem para mudá-la. Quem nunca deu conta de eleitos escondendo-se atrás dos Tribunais, ajudando-nos a confirmar que eles não funcionam? Eles, os eleitos, têm a faca e o queijo na mão! Para quando a alteração deste estado de coisas. 


Analisemos o caso daquele militar da GNR que perseguindo um carro suspeito que desobedeceu à ordem de parar, ele disparou e (bala fora da arma é como pedra fora da mão) matou uma criança “escondida” que acompanhava o pai num assalto. O militar há muito está suspenso com o vencimento reduzido e obrigado a pagar uma choruda indemnização. A isto junta-se-lhe o caso de Aguiar da Beira. Os elementos daquela Força Militar, face a estes e outros casos semelhantes, sentir-se-ão motivados para cumprir a missão que lhe cabe na defesa de pessoas e bens? Os agentes da PSP, agredidos nas festas de verão, aqui na Madeira, como se sentirão? Não admira que, estes homens, cuja missão é garantir-nos a segurança, careçam de apoio psiquiátrico. Eles têm direito a serem respeitados por nós e por aqueles que elegemos. Estas questões não podem passar-nos ao largo, pois, bem vistas as coisas, delas depende a sã convivência entre todos nós. 


Os partidos, os eleitos, os candidatos a eleições, os jornais e jornalistas interessados numa vivência em Liberdade não podem continuar a entreter-nos com falsas questões que apenas usam o marketing para levarem os eleitores a “comprarem-lhes o produto”. Os cidadãos estão desiludidos e no crescendo que as coisas levam, convém olhar para História dos anos 20/30 do séc passado, e recordar António Granjo e Sidónio Pais, entre outras calamidades no domínio do social. Já ninguém suporta o controlo da opinião pública pelas centrais de propaganda, quando cada vez mais nos sentimos angustiados pela insegurança reinante. 


Digam-nos como pretendem resolver este cadente problema, pois podemos suspeitar de que haja por aí alguém “escondidinho”, a apostar no quanto pior melhor. Os “salvadores da pátria” apostam nestas águas turvas.    

sábado, 8 de outubro de 2016

VEM AÍ A BÓSNIA?
         


A parasitagem da nossa vida colectiva por: galopins – executores de estratégias alheias; caciques – angariadores de votos; influentes – negociadores dos votos conseguidos na base já foi por mim analisada. Três factos fizeram-me regressar ao tema. As consequências provocadas na vida colectiva pelo novo modo de lidar com os parasitas no pós-Abril; o aviso do Sr. PR a 5 de Outubro, “A razão de ser da desconfiança e da descrença das pessoas relativamente aos políticos tem a ver com o cansaço perante casos a mais de princípios vividos a menos”; as manifestações públicas de galopins, caciques e influentes visando as eleições autárquicas.
        

Temos profissões mal-amadas. Militares, Polícias e Bombeiros são três exemplos disso. Civicamente mal formados, muitos de nós dizem: para quê tantos generais; os polícias só servem para passar multas; os bombeiros só querem vinho e criar barriga. O mito da Pátria e a Defesa da Nação suplantavam a falta de civismo. O controlo da parasitose era feito subtilmente e o incentivo ao profissionalismo deixado à escolha do cidadão. Os salários na função pública, com algumas beneses, eram mais baixos que no privado. A hierarquia era muito bem vincada a começar pelo fim dos pareceres para as chefias que terminavam assim: “A Bem da Nação, V. Exª superiormente decidirá”. O sistema não sendo perfeito, permitia distinguir entre responsabilidade profissional e política. Um exemplo ajuda. Imagine-se que o influente A quer construir uma estrada para valorizar um terreno do cacique X. Até 1974, as coisas faziam-se à sorrelfa, sem expor os profissionais a um escrutínio público, onde responsabilidade profissional e politica se confundissem. Os funcionários eram respeitados. Quem optava por profissões, civicamente mal-amadas, o Poder impunha-se, fazendo-as respeitar. A partir de Abril, mais grave que os propagandeados saneamentos políticos, foram os saneamentos profissionais.


Galopins e caciques voltaram a legitimar o poder pelo voto. Profissionais capazes vão sendo progressivamente afastados. Travavam o progresso, dizia-se, e a imediata invocação da pletórica e demagógica liberdade nem deixava pestanejar os ingénuos cidadãos. O Poder confunde-se com os partidos. O caso acima narrado, em Liberdade, teria agora esta solução: o influente eleito com os votos angariados pelos caciques e galopins, em grandes parangonas na TV e Jornais, anuncia ao Mundo: a Lombada dos Inteligentes vai ter uma estrada. Livre-se algum profissional de colocar qualquer questão que trave a estrada! Como mais vale prevenir que remediar, o melhor é colocar no cargo alguém que, rifando a profissão, dê parecer favorável. Não nos podemos admirar quando o político diz: baseie-me num parecer, ao que o técnico responde: trabalhei sobre aquilo que me pediram. Adeus brio profissional! Não me parece que nenhum Tribunal seja capaz de deslindar isto. Aqui na RAM todos conhecem casos destes que vão do mar à serra, um fartote Graças a Deus!    


A opinião pública começa a dar conta, nos anos 90, da infestação de galopins e caciques, oriundos das jotas, no aparelho do Estado. O mérito, que se reconhecia aos Servidores do Estado, hoje quedam-se pelo medo de perder o emprego se ousar dizer NÃO a um destes “vigilantes”. Quarenta anos depois, mercê da acção desta gente, o Estado desmorona-se. Transformaram-no num centro de negócios que é coutada dos influentes. Sintomáticos os avisos do Prof. Marcelo, cito um no início do texto. Os interesses colectivos, com destaque para a segurança de pessoas e bens, são descurados. A lassidão grassa e ninguém age. Estando a população em estado choque, na sequência dos incêndios, e, perante uma proibição de foguear, o comandante dos bombeiros desobedeceu. Nada lhe aconteceu. A luz vinda do alto ilumina as mentes que se insurgem contra a PSP. Colhemos assim os frutos de 40 anos de gestão feita por elites que foram tratando dos seus interesses particulares, pelos métodos que descrevi.


As lutas fratricidas nas jotas são a base do poder nos partidos e no Estado. A propaganda partidária vai directa à emoção, como se de futebol se tratasse, esquecendo a razão. O nosso dia-a-dia pouco lhes diz. Ganhar eleições, sim, motiva-os. Cheirando já a eleições, galopins e caciques ocupam as redes sociais com insultos mútuos. Desprestigiado o Poder, com polícias a quem ninguém obedece, e outros profissionais desmotivados, as lutas fratricidas, no interior de cada partido, podem degenerar. Nestes 40 anos financiou-se a compra votos. Trocando votos por armas teremos mesmo uma Bósnia. A emoção que já se sente nas redes sociais não pressagia serenidade.